"Movemo-nos como peças de um relógio cansado. As nossas rodas velhas, de dentes gastos, entrosam-se mal a outras rodas velhas, de dentes gastos. O que tem valor cá dentro são as coisas vagarosas, sonolentas. Se o maquinismo parasse, não daríamos por isso: continuaríamos com o bico da pena sobre a folha machucada e rota, o cigarro apagado entre os dedos amarelos. Deixaríamos de pestanejar, mas ignoraríamos a extinção dos movimentos escassos. Os rumores externos chegam-nos amortecidos. Que barulho, que revolução será capaz de perturbar essa serenidade?"
Angústia - Graciliano Ramos.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
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O título combina bastante com texto, devo admitir que a primeira vez que li, não compartilhei do sentimento do texto... Mas hoje ele se fez presente. Pituca como sempre é cultura.
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